Ana Tonelli se despede da Câmara com a promessa: "Continuarei atuando"

Defensora do Legislativo, a vereadora Ana Tonelli iniciou sua trajetória politica por acaso e há 30 anos trabalha em prol da população. Ana já foi presidente da Câmara por duas vezes e foi uma das responsáveis pela vinda da Delegacia da Mulher para Jundiaí, e da vinda da Estação da Cetesb aqui também. Confira abaixo a entrevista exclusiva com a parlamentar: 



- Como teve início sua carreira politica? Você sempre quis ser vereadora? 

Ana Tonelli - Dei início a minha carreira política em 1982. Uma prima minha do interior veio para Jundiaí e precisava estudar à noite para poder trabalhar durante o dia. Minha mãe, à época, tentou matriculá-la no Geva, já que ficava em frente a nossa casa, mas o diretor da escola acabou sendo extremamente mal educado e não dando a vaga para essa familiar. Bom, minha mãe me pediu ajuda e eu fui tentar resolver. Ao chegar lá, a secretária da escola gostou do meu jeito altivo e me convidou para uma reunião, que na verdade era filiação de um partido, o PDF, que na verdade defendia os direitos dos patrões. E como eu trabalhava no Sindicato dos Metalúrgicos, meu chefe, seu Arquimedes, me convidou para me filiar e tentar a eleição pelo PMDB. Gostei da ideia, e acabei ganhando a eleição. A partir daí, tomei gosto pela coisa.

 - Por diversas vezes, você foi a única mulher durante o mandato. Chegou a sofrer preconceito de alguma forma? 

Ana Tonelli - De forma alguma. Jamais eu fui discriminada em toda minha vida, principalmente aqui na Câmara. Eu sempre conversei com igualdade de condições com meus pares. Mas eu também nunca chorei durante uma reunião, ou na frente de nenhum colega. E olha que por diversas vezes eu acabei chegando em casa e chorando de raiva. Sempre trabalhei conforme minha consciência, então antes de votar um projeto vindo do Prefeito, por exemplo, eu sempre procurei saber os motivos, e votava consciente do que ela beneficiaria a população. 

 - Você foi candidata a vice do Clemente em 1992. Como foi essa experiência?

Ana Tonelli -Foi algo extraordinário. Nós tivemos uma campanha simples, de muita caminhada e muita luta. Me lembro de uma noite, já no fim da campanha que fizemos um comício e a população esperava o showmício, que naquela época era permitido, e naquela noite seria de uma banda de São Paulo, mas, por problemas com o transporte dos músicos, ficamos na mão. O Clemente, ao saber disso, não teve dúvidas, pegou seu violão, subiu no palco e começou a cantar (risos). Esse era o espírito das campanhas antigamente. 

 - Essas eleições foram diferentes das outras? Em quais aspectos?
Ana Tonelli -Toda eleição é diferente uma da outra. Cada uma tem uma peculiaridade, mas essa acabou me entristecendo mais. Nas redes sociais, acabei vendo muita gente denegrindo minha imagem, dizendo que tanto eu, quanto o vereador Doca, estávamos velhos e que deveríamos nos aposentar. Oras, eu trabalho diariamente aqui na Câmara. Tenho meu trabalho como radialista, que não impede, em nada, minhas funções como vereadora. Eu atendo a todos que vêm ao meu gabinete me procurar e, tento resolver ou encaminhar todos os problemas que surgem. Ninguém que entra em minha sala, fica sem uma resposta, e rápida. Eu me entristeci, pois foi um comentário baseado somente em minha idade, não em minhas ações. Mas fora isso, essa foi uma campanha típica, com pouco dinheiro e com muito trabalho. Infelizmente não foi dessa vez, mas, se Deus quiser e me der saúde, estarei nas ruas novamente para disputar mais uma eleição.

- Como você enxerga o próximo governo? Acha que Pedro Bigardi fará um bom governo?
Ana Tonelli -Como cidadão eu espero que Bigardi continue os trabalhos deixados por Miguel Haddad e mantenha o padrão de qualidade de vida que temos hoje. O futuro prefeito terá um desafio grande de administrar uma cidade do porte de Jundiaí, e com certeza, iremos cobrar ações e benfeitorias, como faço hoje.

- Qual mensagem você deixa para a população?
Ana Tonelli -Primeiro quero agradecer a todos aqueles que depositaram um voto de confiança no meu trabalho. Foram mais de 1800 pessoas que merecem minha gratidão. Também quero dizer que pretendo continuar meu trabalho de atendimento à população. 2013 será um ano diferente, mas Deus sabe o que faz, e Ele com certeza tem algo extraordinário pra mim. O Legislativo é uma das minhas paixões. Aprendi a gostar desse ofício, e sempre o fiz com muita dedicação, por isso, mesmo não sendo vereadora, a vereança não sairá de mim tão cedo.